ISBN: 978-65-994367-6-5

DOI: 10.5281/zenodo.4726324

Descrição: O trabalho crítico é uma vereda cheia de percalços que, muitas vezes, reveste-se de hermetismo, de elocubrações e de um vocabulário preciosista, os quais enfadam o leitor e, não raro, revela-se como algo só para iniciados, inacessível para os reles mortais.
O escritor Urbano Duarte (1855-1922), numa jocosa e ácida referência ao processo encetado pela crítica literária, tece uma curiosa analogia a respeito desse ofício:
− Descascar cebolas fazem todos aqueles críticos, que sobre três ou quatro conceitos literários, resumíveis em meia dúzia de páginas, escrevem livros. No centro do fruto, cebola ou qualquer outro, pode existir uma amêndoa de valor; mas para que o leitor atinja esse objeto, tem de percorrer capítulos extensíssimos, nos quais o escritor se alarga à vontade, dando-se ao prazer pouco lisonjeiro de flanar através de assuntos completamente estranhos à obra criticada. É uma cilada, já se vê, armada à boa-fé dos inexperientes. Talvez um bom modo de descartar-se da obra, que o crítico não pretendeu ou não pretende analisar. 
De forma bem humorada, Tavares compara o ato de exercer a crítica literária com o de descascar cebolas, enfatizando que, na maioria das vezes, depois de retirar inumeráveis cascas, pode-se encontrar algo valioso, após percorrer incontáveis páginas e assuntos na maioria dos casos alheios ao texto que é alvo do crítico. 
Nosso propósito, neste livro, não é “flanar através de assuntos estranhos” aos textos analisados (poesia, prosa e teatro), mas chegar rapidamente ao que é mais importante, à “amêndoa de valor”, inclusive para estimular a leitura daqueles que porventura tenho tido acesso primeiro à crítica antes de se debruçar sobre a obra cuja interpretação/análise oferecemos.
Trata-se, portanto, de um passeio pelos bosques da literatura inglesa, no qual abordamos, de forma panorâmica, produções literárias como Beowulf, o teatro shakespeariano, romances como Frankenstein, de Mary Shelley, Grandes esperanças, de Charles Dickens, A outra volta do parafuso, de Henry James, contos de James Joyce e a poesia de William Blake.
É um convite para que o leitor estabeleça um primeiro contato com a literatura britânica e, a partir desse contato, prossiga e amplie os horizontes esboçados neste breve volume.
Espero que a leitura seja agradável e proveitosa para todos aqueles que se aventurarem por essas páginas. 
Bom passeio!


Autor: Altamir Botoso

Capítulos
Apresentação

Capítulo 1
A importância de Beowulf para a literatura inglesa

Capítulo 2
Geoffrey Chaucer: “O pai da literatura inglesa”

Capítulo 3
William Shakespeare e o Renascimento inglês

Capítulo 4
O antissemitismo em O Mercador de Veneza, de William Shakespeare

Capítulo 5
Alguns elementos do Romantismo em Frankenstein, de Mary Shelley

Capítulo 6
A criança, a natureza e a religiosidade em “The Lamb”, de William Blake

Capítulo 7
Grandes esperanças, de Charles Dickens: um romance de formação

Capítulo 8
Correlações entre o ensaio Desobediência Civil, de Thoreau e o conto “Bartleby”, de Melville

Capítulo 9
Epifania e Paralisia em Dublinenses, de Joyce

Capítulo 10
A focalização, o gótico e o fantástico em A outra volta do parafuso

Sobre o autor